segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ateu admite: “África necessita de Deus, e não de apenas auxílio”

Os problemas da África não podem ser resolvidos só com ajuda financeira: os africanos precisam conhecer a Deus, afirma Matthew Parris (foto), jornalista, ex-político e... ateu. A religião oferece mudança aos corações e às mentes das pessoas - algo que a ajuda financeira não pode fazer, diz o ex-membro conservador do parlamento britânico, numa coluna para o jornal Britânico The Times.

“Ateu confirmado, tornei-me convicto da enorme contribuição que o evangelismo Cristão faz na África: bastante distinta do trabalho das ONGs seculares, projetos governamentais e esforços de ajuda internacional”, escreve Parris, que nasceu em Joanesburgo, África do Sul, mas agora vive na Inglaterra. “Estes, por si só, não serão suficientes. A educação e treinamento, por si só, não serão suficientes”. Ele prosseguiu dizendo que “na África, o Cristianismo muda o coração das pessoas. Ele produz uma transformação espiritual. O renascimento é real. A mudança é boa”.
A aparente epifania dos efeitos positivos do Cristianismo na África surgiu após uma viagem ao Malawi antes do Natal de 2008. Lá, ele reuniu-se com uma pequena instituição de caridade britânica (a Pump Aid) que trabalha para instalar bombas em poços nas aldeias para manter a água limpa.
Embora a Pump Aid seja secular, ele percebeu que os membros da equipe mais impressionantes eram, em sua vida particular, cristãos praticantes. E ele se lembra que, ainda que nenhum dos membros da instituição de caridade tenha falado sobre religião, viu um deles estudando um livro de devocionais no carro e outro saindo para ir à igreja num domingo ao amanhecer.
“Estaria de acordo com os meus desejos acreditar que a sua honestidade, diligência e otimismo no trabalho não tinham relação com a sua fé pessoal”, admite Parris. “O seu trabalho era secular, mas certamente afetado por aquilo que eles eram… influenciado por uma concepção do lugar do homem no Universo que o Cristianismo tem ensinado”.
Encontrar os cristãos que trabalhavam para a Pump Aid também o fez lembrar-se das suas memórias de missionários Cristãos que ele conheceu quando era ainda um menino crescendo na África. Ele recorda como os africanos convertidos ao Cristianismo que ele conheceu “eram sempre diferentes”. A sua nova religião não os confinava, mas parecia libertá-los e relaxá-los, diz Parris. “Havia uma vivacidade, uma curiosidade, uma dedicação para com o mundo – uma retidão nas suas relações com os outros – que parecia estar em falta na vida tradicional africana”, recorda.
O Cristianismo, acrescenta, também ajuda a libertar os africanos da mentalidade comunal e supersticiosa que reprime a individualidade. Parris critica a “mentalidade rural tradicional” por alimentar “‘manda-chuvas’ e gangsters políticos” em cidades africanas que ensinam “um respeito exagerado” por um “líder presunçoso” que não deixa espaço para a oposição.
Mas o Cristianismo pós-Reforma e pós-Lutero ensina uma “relação direta, pessoal e nos dois sentidos entre o indivíduo e Deus”, que elimina a mediação pelo grupo, ou qualquer outro ser humano, diz Parris. Ele oferece uma organização de vida social para aqueles que querem “abandonar uma mentalidade tribal asfixiante. É por isso e assim que ele liberta”, afirma Parris.
Ele conclui afirmando que para a África poder ser competitiva com outros líderes mundiais no século XXI, não deve pensar apenas que os bens materiais e o conhecimento são tudo o quanto precisa para o desenvolvimento e mudança. “Todo um sistema de crenças tem primeiro de ser suplantado”, considera o jornalista ateu. Ele adverte que retirar o evangelismo cristão da “equação africana” poderá “deixar o continente à mercê de uma fusão maligna entre a Nike, o feiticeiro, o celular e a catana”.
COMENTÁRIO – Realmente é muito bom ver que uma pessoa dita racional faz uma pausa para pensar e reconhece valores que antes desprezava. Temos que nos lembrar que a “intelligentsia” ocidental foi, em grande parte, moldada pelos valores racionalistas, iluministas e humanistas, cuja tradição remonta ao século XVIII e aos escritos de Rousseau e Voltaire, principalmente. Lembremo-nos de que era uma época em que o Homem ainda buscava se livrar da herança medieval, e impulsionado pelas idéias do Renascimento, buscou destacar seu papel na História e fugir de toda e qualquer referência ao Divino, ao espiritual e ao sobrenatural. Só valiam as experiências objetivas, racionais, empíricas. Daí ao determinismo que levou ao darwinismo foi apenas um pulo. Hoje em dia, esse pensamento antropocêntrico permanece dominante na filosofia ocidental. É difícil para alguém acostumado a pensar de forma estreita como alguns cientistas (não só do ramo bio-químico, mas também das ciências sociais) de repente reconhecer a importância do Cristianismo como agente transformador do Homem e da sociedade. Crêem que o Cristianismo é uma entre muitas religiões e, como tal, é uma quimera, uma ilusão que serve apenas de consolo em uma existência cheia de sofrimento. Mas isso é porque, como disse alguém, conhecem a história de Cristo, mas não conhecem o Cristo da História. Graças a Deus por pessoas como Matthew Parris, que verificou que o verdadeiro Cristianismo vai além da mera religião formal e ritualística, sendo “uma relação direta, pessoal e nos dois sentidos entre o indivíduo e Deus”. Quando os “homens da ciência”, e dentre eles algumas pseudo-autoridades que se auto-denominam “hereges profissionais”, entenderem isso, haverá júbilo nos céus.