domingo, 12 de setembro de 2010

Jesus é o Messias?

Sobre a matéria de Apocalipse 17 e o sistema religioso global que está em gestação (
http://doa-a-quem-doer.blogspot.com/2010/04/pedofilia-igreja-padres-pedofilos-papa.html), alguém comentou que, além de as profecias não terem se cumprido, haveria 20 razões pelas quais Jesus não seria o Messias prometido. O comentarista anônimo deixou um endereço – www.judeus.org. Fui lá conferir. De fato existem lá as tais 20 razões, que procuramos elucidar. Nem tanto por serem complicadas ou fortemente fundamentadas, mas por causa de uma dificuldade, digamos, técnica.
Como todos sabem, os judeus usam um argumento falho na comparação entre o judaísmo e o cristianismo. Se para nós, cristãos, a principal base doutrinária é a Bíblia, mas em especial o Novo Testamento, essa porção do texto sagrado para os eles não tem valor doutrinário. Apenas o que conhecemos como Velho ou Antigo Testamento é sagrado, mas há também o Talmude. Para quem não sabe, o Talmude, numa definição rápida, é um registro das discussões rabínicas da lei, ética, costumes e história do judaísmo.
O Talmude tem dois componentes: a Mishná (c. 200 d.C.), o primeiro compêndio escrito da lei oral judaica; e a Gemarah (c. 500 d.C.). O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaim, termo que deriva da palavra hebraica para "ensinar" ou "transmitir". A primeira codificação é atribuída ao Rabi Akiva (50-130), e uma segunda, a Rabi Meir (130-160 d.C.), ambas escritas em aramaico. A Gemarah é a base da lei rabínica,, uma discussão da Mishná e dos escritos tanaíticos, muito citada na literatura rabínica.
Apesar de respeitarmos todo o significado que o Talmude tem para o judeu, tanto que muitas vezes se sobrepõe à Escritura, não podemos discutir o assunto com base nele, que possui pouco ou nenhum peso para o cristão. Assim, o que temos como base comum é o Antigo Testamento. E como foi com base nele que o site formulou 20 razões elas quais Jesus não seria o Messias que eles ainda esperam, sempre com base no Velho Testamento vamos procurar mostrar que o que falta é abrir os olhos, esforço suficiente para entender algumas verdades.

1 - O Mashiach terá um pai biológico humano - Será descendente pelo lado paterno do Rei David. Onde nas escrituras: - Isaías 11:1-10; Jeremias 23:5; Ezequiel 34:23-24; 37:21-28; Jeremias 30:7-10; 33:14-16; e Oséias 3:4-5. A ancestralidade de Jesus (contradizendo as escrituras) não pode ser traçada, visto que segundo a teologia cristã, Jesus não era filho de José, marido de Maria.
Sim, de fato, Jesus não era filho natural de José. O relato de Mateus é claro; mas é evidente que a genealogia apresentada em Mateus vem apenas até José. O verso 16 do cap 1 diz: “e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo”. O grifo esclarece a questão. Interessante é que para este caso o Novo Testamento foi usado.
2 - A ancestralidade do Mashiach será somente através do Rei Salomão. Onde nas escrituras: II Samuel 7:12-17; I Crônicas 22:9-10. Mas Jesus, segundo um texto cristão (Lucas 3:31) era descendente de Natan, um outro filho do Rei David, e não do Rei Salomão.
Esta questão já foi superada há muito tempo, insistir nela como argumento para desqualificar a fé cristã é algo muito simplório. Josh McDowell já demonstrou que em Mateus a linhagem de Jesus é traçada a partir de José, e em Lucas é a linhagem de Maria. A razão de Maria não ser mencionada em Lucas é pelo fato de já ter sido chamada de mãe de Jesus em outras situações. É sabido que entre os judeus a prática genealógica é dar o nome do pai, avô, etc. Lucas seguiu esse padrão e não mencionou Maria; tanto que logo acrescenta que José, na verdade, não é o pai natural, visto que o nascimento de Jesus foi um nascimento virginal (cf. 1:34,35). Em outras palavras, Lucas está citando os antecedentes de Jesus através de Sua mãe, que era descendente de Heli. O nome de José é citado segundo o costume normal. Deste modo, a intenção de Lucas é que o nome de José seja incluído no texto mas não faça parte da lista genealógica, pois apenas pensava-se que Jesus era seu filho quando de fato não o era.José era filho de Jacó por nascimento (Mateus 1:16),mas foi chamado de filho de Heli por casamento. Na cultura judaica o homem, através de seu comprometimento com uma mulher, era tido como filho de seu sogro, cf. I Samuel 24:16, 25:17, etc.
Nem todos os ancestrais e descendentes de uma linhagem eram mencionados. Por isso,quando comparamos a genealogia "sintética" de Mateus com a genealogia "completa" de I Crônicas 3, vemos que Mateus não mencionou em sua genealogia os reis Acazias, Joás e Amazias.
1 Crônicas 3:16 é o único lugar onde Zorobabel é chamado de “filho de Pedaías”,e sabemos que Sealtiel e Pedaías eram irmãos, sendo Sealtiel o irmão mais velho de Pedaías. Então há duas hipóteses possíveis:
1) Pedaías deve ter falecido sem filhos, e Sealtiel,conforme a lei do levirato (Deuteronômio25:5) assumiu a mulher de seu irmão, e foi o pai de Zorobabel, que também foi chamado de “Filho de Pedaías” e considerado seu descendente. Outros filhos resultantes desta união receberiam o nome de Pedaías para memória deste, conforme a lei.
2) Há também a possibilidade de tanto Sealtiel como seu irmão Pedaías terem ambos um filho chamado Zorobabel. Aí teríamos Zorobabel, filho de Sealtiel, e Zorobabel, filho de Pedaías – duas pessoas distintas com o mesmo nome.
Um fato que reforça a idéia de que foram pessoas diferentes é que o Zorobabel filho de Sealtiel teve um filho chamado Abiúde (Mateus 1:13), enquanto o Zorobabel filho de Pedaías teve filhos com outros nomes (I Crônicas 3:19,20). O Messias seria descendente de Salomão, conforme I Crônicas 17:11-14, e Jesus foi mesmo descendente de Salomão (Mateus 1:6,7).
O objetivo das duas genealogias é mostrar que Jesus era, em sentido pleno, descendente de Davi. Através de José, Ele herdou a linhagem real por lei, enquanto de Maria Ele herdou a mesma linhagem, em carne, tendo, portanto, as credenciais para o trono. As duas genealogias se encontram em Davi. Além do mais, como Maria também era de família sacerdotal, Jesus poderia exercer o ofício de sacerdote, o que Ele fez de fato ao assumir o posto de intermediador entre Deus e os homens.
3 - O Mashiach não terá ancestralidade com Joaquim, Jaconias ou Salatiel. Onde nas escrituras: I Crônicas 3:15-17; Jeremias 22:18, 30; mas de acordo com Mateus 1:11-12 e Lucas 3:27 Jesus era descendente de Salatiel.
É evidente nas Escrituras a benignidade de Deus. Por várias vezes lemos que Deus iria destruir a nação de Israel, mas também sabemos que o povo amado sempre foi restaurado, e com ele a sua linhagem real. Ninguém, em sã consciência, diria que Zorobabel, um dos responsáveis pela restauração do reino e do culto, bem como da reconstrução do templo destruído por Nabucodonosor, era um usurpador, por conta do juízo de Deus sobre seus ancestrais Joaquim e Josias. É ponto pacífico que Zorobabel descendia da casa real, senão não teria recebido o apoio dos profetas Amós e Zacarias, seus contemporâneos. Fica claro que Deus foi o responsável por esta restauração, que alcançou a família real, preservada da extinção durante o exílio. Como lemos em Neemias 9: 31,  “Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso”, e Zacarias 1: 16 “Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém”. Fica claro que Deus retirou o peso da maldição de sobre a casa de Israel. Depois do retorno, o reino foi restabelecido, a casa real retornou ao poder e assim permaneceu até a ascensão dos Macabeus. No entanto, o hábito de preservar as genealogias deixava claro a todos quem era de tal e qual família. É por isso que sabemos que Jesus, além de pertencer à linhagem real, também era de linhagem sacerdotal: sua mãe Maria era prima de Isabel, a qual pertencia à tribo de Levi, posto que era casada com um sacerdote (Zacarias, pai de João Batista). Além do mais, a “maldição de Jeconias” tem sido muito questionada, mas ao contrário do que se pensa, este incrível cumprimento qualifica ainda mais Jesus como o Messias, e torna sua genealogia mais impressionante ainda! Caso o Messias viesse por outro descendente de Salomão, que não fosse Jeconias, Ele poderia ser filho biológico; mas caso fosse descendente de Jeconias, o Messias não podia ser descendente da linhagem direta (ou biológica) de Jeconias: o Messias não poderia herdar de seu sangue - uma condição quase impossível de se cumprir. Mas foi através desta condição quase impossível e inesperada que o Messias veio, e herdou o trono de Davi, porque Jesus contornou a maldição de sangue, o que nenhum outro homem que não fosse o Messias poderia fazer.
4 - O re-estabelecimento da dinastia de Davi, que jamais cessará. Onde nas escrituras: Daniel 7:13-14; mas Jesus não teve filhos, nem estabeleceu reinado algum.
A profecia de Daniel, evidentemente, faz menção a um reino cuja implantação ainda está no futuro. Por esse raciocínio, então a profecia de Ezequiel 37:25 seria uma falácia, posto que Davi já morreu... E como este, quase todos os argumentos seguintes se referem a fatos que ainda estão no futuro. Discutiremos mais adiante o por quê dessa dificuldade de discernir entre os dois momentos da vinda de Jesus.
5 - Uma era de paz eterna entre todos os povos e todas as nações. Onde nas escrituras: Isaías 2:2-4; Miquéias 4:1-4; Ezequiel 39:9; obviamente não temos paz, e infelizmente muitas guerras foram proclamadas em nome de Jesus.
Idem acima.
6 - Todos povos convertidos ao monoteísmo.  Onde nas escrituras: Jeremias 31:31-34; Zacarias 8:23; Isaías 11:9; Zacarias 14:9, 16; o mundo está embebido na idolatria, inclusive idolatrando Jesus como um deus, comportamento anti-bíblico já que D'us ordenou nos seus preceitos que só Ele pode ser adorado. E obviamente Jesus não é D'us.
Obviamente os judeus não reconheceram Jesus como Messias há 2000 anos, e é óbvio que não O reconhecem como Deus, nem na época nem agora. Assim compreendemos a ira dos fariseus e doutores da Lei quando, por diversas vezes, Jesus dizia “Eu sou”: o caminho, a verdade, a vida, o pão da vida, o bom pastor, etc. “Eu Sou” é o Nome de Deus, e quando os judeus O ouviam, ficavam indignados, tanto na época como agora, pois para eles é o máximo da heresia alguém se dizer Deus. E está claro que que as profecias citadas estão no futuro, num contexto de pacificação geral da humanidade que ainda não ocorreu.
7 - Reconhecimento que só D'us é D'us. Onde nas escrituras: Isaías 11:9; obviamente o mundo ainda não reconheceu D'us como o único D'us.
Idem acima, inclusive o verso de Isaías está sendo repetido para dois argumentos que, no fundo, são um só.
8 - O mundo se tornará vegetariano. Onde nas escrituras: Isaías 11:6-9; obviamente o mundo não é vegetariano.
Idem
9 - Reunião das doze tribos de Israel. Onde nas escrituras: Ezequiel 36:20; infelizmente as dez tribos continuam desaparecidas.
Idem – isto está ainda no futuro. Apocalipse, que os judeus desdenham, mostra que as tribos serão restauradas.

Continua...

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