segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Vem aí mais uma festa pagã

Todo mundo já sabe que o “Natal” celebrado em dezembro é, na verdade, uma celebração pagã, como você já viu aqui, aqui e aqui, para ficar só nesses. Já sabemos que Jesus não nasceu em dezembro (você pode conferir isto aqui), e que a maioria dos enfeites que vemos nas portas das casas, nas praças das cidades e até dentro das igrejas evangélicas são, no fundo, símbolos pagãos. Mas não vou falar mais sobre isso. Vou falar agora de uma outra data pagã que todos, sem exceção, comemoramos. Trata-se do chamado “Ano Novo”.
O primeiro dia do ano é dedicado à confraternização. É o dia da “Fraternidade Universal”. É hora de pagar as dívidas e devolver tudo que se pediu emprestado ao longo do ano, de fazer um balanço da vida e de começar o ano com as contas acertadas. Nas igrejas, geralmente o coral canta o “Aleluia” de Haendel, fazem-se batismos, e naquelas mais sérias toma posse a diretoria eleita para o próximo período. Nas outras, o ungido-chefe solta suas profetadas, geralmente promessas de prosperidade para quem for fiel no dízimo e nas ofertas, como neste link. Algumas há que até promovem “festas de réveillon”, 
eventos que em quase nada se diferenciam daqueles que ocorrem em clubes e boates, um monte de gente vestindo branco, com direito a queima de fogos de artifício, literalmente transformando o dinheiro dos fiéis em fumaça. E todo mundo achando bacana.
De fato, todas as culturas que têm calendários anuais celebram o “Ano Novo”, no Ocidente também chamado réveillon, termo oriundo do verbo francês “réveiller”, que significa “despertar”.
No Brasil é tradição popular procurar algum lugar que tenha água, geralmente as praias, mas também servem rios e lagos, onde a data reúne milhares de pessoas para verem os fogos de artifício. As tradições consistem em usar branco e jogar flores para “Yemanjá”, uma espécie de “deusa do mar” de origem africana, popularizada pela famigerada Rede Globo em inúmeras novelas e minisséries. No Rio de Janeiro, precisamente na praia de Copacabana, milhões se aglomeram para ver o espetáculos e dar pulinhos nas ondas “para dar sorte”, rituais que atraem e encantam turistas de todo o mundo.
Na Itália, o ano novo é a mais pagã das festas, sendo recebido com fogos de artifícios, que deixam todas as pessoas acordadas. Dizem que os que dormem na virada do ano dormirão todo o ano e na noite de São Silvestre, santo cuja festa coincide com o último dia do ano. Em várias partes do país, dois pratos são considerados essenciais, o pé de porco e as lentilhas. Os romanos em especial se reúnem na Piazza Navona, Fontana di Trevi e Piazza del Popolo.
A mais famosa passagem de Ano Novo nos EUA é em Nova Iorque, na Time Square, onde o povo se encontra para beber, dançar, correr e gritar. Há pessoas de todas as idades e níveis sociais. Durante a contagem regressiva, uma grande maçã vai descendo no meio da praça e explode exatamente à meia-noite, espalhando balas e doces.
Em Sydney, às nove da noite começa a queima de fogos em frente à Ópera House e à Golden Bridge, o principal cartão postal da cidade. Para assistir ao espetáculo, os australianos se juntam no porto. Depois, vão para casa para passar a virada do ano com a família e só retornam às ruas na madrugada, quando os principais destinos são os “pubs” e as praias.
Na França, o principal ponto é a avenida Champs-Elysées, em Paris, próximo ao Arco do Triunfo. Os franceses assistem à queima de fogos, cada um com sua garrafa de champanhe (para as crianças, sucos e refrigerantes). Em outros tempos, assistia-se à saída do “rally” Paris-Dacar, no Museu Trocadéro, uma corrida que terminava semanas depois no Senegal, mas que por problemas de segurança nos países africanos acabou sendo disputada na América do Sul (embora mantendo o tradicional e charmoso nome).
Na terra da Rainha, grande parte dos londrinos passa a meia-noite em suas casas, com a família e amigos. Outros vão à Trafalgar Square, umas das praças mais belas da cidade, à frente do National Gallery. Lá, assistem à queima de fogos. Depois, se espalham pelas várias festas simultâneas na cidade.
Na Alemanha, as pessoas reúnem-se no Portal de Brandemburgo, no centro, perto de onde ficava o Muro de Berlim.  
Mas nem todos comemoram o “Ano Novo” na mesma data.
Para os chineses, o maior festival do ano é o Novo Ano Chinês. Só que ele não é na virada de 31 de dezembro para 1º de janeiro: ele é comemorado entre 15 de Janeiro e 15 de Fevereiro de acordo com a primeira lua nova depois do início do Inverno. Lá é habitual limparem as casas e fazerem muita comida (como os bolinhos “yau gwok, símbolo de prosperidade). Há muitos fogos de artifício e as ruas ficam cobertas de pequenos pedaços de papel vermelho.
Os muçulmanos têm seu próprio calendário que se chama “Hégira”, que começou no ano 632 d.C. do nosso calendário. A passagem do Ano Novo também tem data diferente – 6 de Junho, quando Mohammad fez a sua famosa peregrinação entre Meca e Medina.
As comemorações do Ano Novo judaico, chamado “Rosh Hashanah”. A “festa das trombetas” dura dois dias do mês Tishrê, que ocorre em meados de setembro ao início de outubro pelo calendário ocidental. As festividades são a oportunidade para se deliciar com as tradicionais receitas judaicas: o “Chalah”, uma espécie de pão; é costume sempre se comer peixe porque ele nada sempre para frente.
Entre os povos antigos, a primeira comemoração de que se tem notícia, chamada de “festival de ano novo”, ocorreu na Mesopotâmia entre 3.000 e 2.000 a. C. Na Babilônia, a festa começava na ocasião da lua nova indicando o equinócio da primavera, ou seja, um dos momentos em que o Sol se aproxima da linha do Equador, quando os dias e noites têm a mesma duração. Segundo o The World Book Encyclopedia: “Nessa ocasião, o deus Marduque resolvia qual seria o destino do país no ano seguinte”. A comemoração do ano-novo dos babilônios durava 11 dias e incluía sacrifícios, procissões e ritos de fertilidade.
Os assírios, persas, fenícios e egípcios comemoravam o ano-novo no mês de setembro (como os judeus, na época das colheitas). Já os gregos celebravam o início de um novo ciclo entre os dias 21 ou 22 do mês de dezembro. Nota-se que nem sempre se comemorou o “ano novo” quando ou como o conhecemos hoje.
Você já deve ter se perguntado porque setembro é o nono mês, e não o sétimo, como sugere o seu nome, assim como outubro (é 10º e não o 8º), novembro (11º e não o 9º) e dezembro (12º e não o 10º). A explicação é simples: eles eram de fato o 7º (setembro), 8º (outubro) 9º (novembro) e 10º (dezembro). Mas tudo mudou a partir do ano 46 a.C.. Até então o ano começava em 1º de março (mês do deus Marte), mas foi trocado em 153 a.C. para 1º de janeiro e mantido no calendário juliano, adotado em 46 a. C. A partir daí oficializou-se a nova ordem dos meses, e março passou a ser o terceiro. Além do mais, dois meses passaram a homenagear o chefe do Estado, julho (“Iulius”) e agosto (“Augustus”). Veja que esse negócio de puxar saco de político não vem de agora. O deus Jano (em latim “Ianus”, o deus dos portões, de cujo nome deriva o nome do mês de janeiro) era venerado pelos romanos e o primeiro dia desse mês era consagrado a ele, que era representado com duas faces - uma voltada para frente e a outra para trás, simbolizando os términos e os começos, o passado e o futuro. De fato, ele era tido como responsável por abrir as portas para o ano que se iniciava - o que fazia muito mais sentido do que um “começo” no terceiro mês. Como o nosso calendário é originário do romano, dele herdamos os nomes dos meses. E também muitos festejos. 
Ainda assim, durante a Idade Média, o “Ano Novo” era festejado em 25 de Março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de abril. Em 1582 a igreja católica consolidou a comemoração, quando adotou o calendário gregoriano.O “papa” Gregório XIII, aliás, como a maioria dos “papas”, era admirador das tradições romanas, e instituiu o 1º de janeiro como o primeiro dia do ano. Os franceses, que não toleravam o “papa”, resistiram à mudança e quiseram manter a tradição. Só que as pessoas passaram a pregar peças e ridicularizar os conservadores, enviando presentes estranhos e convites para festas que não existiam mais. Assim, nasceu o Dia da Mentira, que é a falsa comemoração do Ano Novo (até hoje em 1º de abril).
A data mudou, a cultura mudou, mas o clima de festa continua. Como relata a Encyclopedia de McClintock e Strong, em Roma, no dia 1º de janeiro, as pessoas “entregavam-se à intemperança e a várias formas de superstições pagãs”.
Ritos supersticiosos continuam até hoje. Por exemplo, as pessoas saúdam o ano-novo apoiadas apenas no pé direito. Segundo um costume tcheco, come-se sopa de lentilhas, e os portugueses comem bacalhau com batatas, ao passo que a tradição eslovaca dita que se deve colocar dinheiro ou escamas de peixe debaixo da toalha de mesa. Esses rituais, cujo objetivo é espantar a má sorte e garantir a prosperidade, simplesmente perpetuam a antiga crença de que a virada do ano é uma ocasião para decidir destinos. Preferencialmente usando roupa branca.
Por que soltamos fogos de artifício? E por que buzinadas, apitos e gritos de
 alegria? A tradição é muito antiga e faz referência à algazarra para espantar os maus espíritos. Os fogos de artifício eram parte integrante das comemorações religiosas dos chineses, e foram observados pelos jesuítas que lá chegaram no século XVI. Os fogos de artifício eram usados para “afugentar demônios no Ano Novo e em outras ocasiões comemorativas”. “Desde os mais antigos tempos pagãos, as pessoas têm carregado tochas e feito fogueiras ao ar livre por ocasião das grandes comemorações religiosas. Nada era mais natural do que acrescentar às festividades luzes de fogos de artifício espetacularmente coloridas e que se movimentavam”, declara Howard V. Harper, em seu livro “Days and Customs of All Faiths” (“Feriados e Costumes de Todas as Crenças”).
E aí a gente pergunta, como aquele famoso cachorrinho chiuauha: qual a necessidade disto? Por que o cristão não adota diariamente a postura de reavaliar as suas atitudes, pensar sobre as falhas que cometeu e sobre os acertos que precisa fazer com os outros? Por que espera um ano inteiro para fazer o planejamento das suas atividades, por que deixam para 31 de dezembro as promessas de “ler a Bíblia toda”, evangelizar mais, ser mais fiel, ser uma pessoa melhor? Por que esperar uma data pagã para ter comunhão com os irmãos, se o mandamento de Jesus era para fazer isso todas as vezes em que se celebrar a Sua morte e ressurreição? (I Coríntios 11:23-30). Será por que simplesmente são apenas promessas vazias, destinadas ao esquecimento em poucas semanas?
Eu confesso que não sei.
Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem.

Fontes:


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sábado, 13 de dezembro de 2014

O aniversário do fim do mundo

Me lembrei de uma data muito importante. O aniversário do fim do mundo. Isso mesmo, o mundo acabou em 31 de julho de 1999. Foi Nostradamus quem falou. Eu me lembro como se fosse ontem. No dia 1º de agosto de 1999 eu fui trabalhar com más intenções. Eu estava disposto a azucrinar todos os meus colegas de trabalho que acreditavam no vidente francês. E fiz isso. Perturbei o povo o dia todo! Mas aproveitei para mostrar que esse tipo de previsão, profecia, vaticínio, pitaco, palpite, prognóstico, chute e similares, nada disso funciona se não estiver alinhado com o que a Bíblia diz. 
E por falar em alinhamento, logo na seqüência do furo nostradâmico, menos de um ano depois, no dia 5 de maio do ano 2000, aconteceu um raro espetáculo. Saturno, Júpiter, Marte, Vênus e Mercúrio ficaram aproximadamente no mesmo alinhamento em que estavam também a Terra, a Lua e o Sol. Esse fato causou muitas especulações. Na imprensa sensacionalista voltaram os “especialistas”, afirmando que isto causaria catástrofes, talvez para tentar apagar o fiasco de suas previsões anteriores. Cientistas informaram, entretanto, que os planetas não ficaram completamente alinhados, havendo diferenças de até 30 graus entre eles. Em anos anteriores já houve alinhamentos semelhantes, sem nenhuma catástrofe, assim como tem havido épocas sem alinhamentos em que aconteceram terremotos e outros desastres naturais impressionantes. No fim das contas, nada aconteceu de extraordinário.
Isto mostra que não temos motivo para dar atenção a eventos cósmicos ou temer o fim do mundo. Ao contrário, esperamos o Senhor Jesus Cristo para arrebatar a Sua Igreja. A seguir, virá a Tribulação, e depois a volta do Senhor em grande poder e glória. A esse período posterior é que estão relacionados os sinais nos céus, conforme lemos em Lucas 21:25: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas...” ; e Mateus 24:29. “Logo em seguida à tribulação daqueles dias (note, logo após a Tribulação) o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem (Segunda Vinda)... Portanto, é essencial ter uma clara noção da cronologia dos tempos finais, para não confundir a sua seqüência. Esta profecia bíblica está relacionada com um período depois do Arrebatamento (chamado de “a Tribulação”). Atualmente, Deus está preparando o mundo para um período futuro, como que “montando o cenário” para que possa se desenrolar o drama final da humanidade. Já falamos antes sobre esses sinais: aqui e aqui.
As reações e comentários sobre eclipses mostram a confusão existente. As especulações são baseadas em “profecias” de místicos, esotéricos e outros picaretas, e não na Bíblia. Como essas predições não se concretizam, o público é levado a pensar que nenhuma profecia merece crédito, e as profecias bíblicas acabam sendo desprezadas, justamente quando deviam ser estudadas a sério. Para o crente, o temor de catástrofes planetárias não faz sentido: “Não aprendais o caminho dos gentios, nem vos espanteis com os sinais dos céus, porque com eles os gentios se atemorizam” (Jeremias 10:2).
Por isso toda a badalação em torno de eclipses, sexta-feira 13, alinhamento de planetas e outras besteiras desse tipo acaba dando em nada. O fracasso mais retumbante, sem a menor sombra de dúvida, foi o de Nostradamus (nome que significa “nossa senhora”). Cantado e decantado durante anos como “profeta”, falhou inteiramente em suas previsões furadas, que só podem ser interpretadas mediante complicados cálculos e fórmulas esquisitas. Por exemplo, numa passagem inusitadamente clara de suas alegadas “profecias”, que não dá margem às interpretações dos estudiosos que tudo distorcem e complicam a fim de tornar as adivinhações profundas e misteriosas, o pseudo-profeta data o fim do mundo para julho de 1999. Essa data veio e passou, e nada aconteceu.
Agora venham me dizer que a tradução está errada, ou que a interpretação não é bem assim... ora, ora... não somos idiotas. Com toda sinceridade: o que significa 1999 e sete meses?
Ao contrário de toda essa palhaçada de videntes e pseudo-profetas, a Palavra de Deus se explica a si mesma, em alto e bom som (Deuteronômio 18:20-22):
“Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás”.
Mas ainda assim, mesmo com todo esse alerta, os crédulos já alegam que a data fatal é 21 de dezembro de 2012, que inclusive constaria do calendário maia. Não à toa, o filme de Roland Emmerich (que já destruiu Nova Iorque uma vez com Godzilla e o mundo todo duas vezes, com Independence Day e O Dia Depois de Amanhã) fez o sucesso que fez. Com 2012, destruiu o mundo pela terceira vez. Aliás, depois vou comentar a cena do tsunami no Himalaia, aguardem.
Voltando ao fim do mundo: segundo pseudo-especialistas, a interpretação dos hieróglifos maias (ou outro nome qualquer que se dê aos sinais, antes que os entendidos venham “corrigir”) indica que essa data é a última mencionada nos complicados registros deixados por aquele povo, o que significaria que o mundo acabará nesse dia. E o tal alinhamento agora não será mais de planetas, mas de galáxias: quando a Via Láctea se alinhar com Andrômeda, aí sim a coisa vai piorar... pasmem os senhores. Dizem certos místicos que “de acordo com os maias e os astecas o sexto ciclo do Sol é para começar em 21/12/2012. Este Ciclo é também conhecido como a 'Mudança das Eras' ”. Também alegam que, como “a civilização maia na América Central é a mais avançada em relação ao conhecimento da ciência do tempo, e o seu calendário principal – eles teriam 22 calendários diferentes! – é o mais preciso e nunca teria se equivocado”, então, “o quinto mundo maia terminou em 1987. O sexto mundo começa em 2012”. Portanto, estamos atualmente “entre mundos”. Tem mais: como “em 2012, o plano do nosso Sistema Solar vai alinhar exatamente com o plano da nossa galáxia, a Via Láctea, e este ciclo leva 26.000 anos para se completar”, daí prosseguem os gurus galácticos, “o planeta Terra e o Sistema Solar entrarão em sincronização galáctica com o resto do Universo. O nosso DNA sofrerá um upgrade (será reprogramado) a partir do centro de nossa galáxia”.
Toda essa baboseira cósmica se assemelha muito ao que os hippies pregavam nos anos 1960/70, a propalada “Era de Aquarius”, que poria fim a um ciclo de turbulências e inauguraria uma era de paz. Contudo, para nós, que cremos na profecia bíblica, o grande sinal do final dos tempos é o restabelecimento de Israel como nação. Há várias indicações de que estamos prestes a testemunhar grandes mudanças, como Jesus alertou no final de seu ministério terreno – e a eles sim devemos prestar atenção. O fato de os judeus terem retornado e continuarem voltando para a terra de seus antepassados e de Jerusalém ser território soberano israelense, contestado pelas nações do mundo, isto sim anuncia que estamos nas fases finais dos tempos do fim.
E você, o que pensa disto?  
Está esperando pela volta gloriosa de Jesus ou aguarda temeroso pelo “fim do mundo”?

Publicado originalmente em 09/08/2011 sob o título "Doze anos que o mundo acabou" (9300)
Atualizado em 13/12/2014
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Previsões para 2014... que eu acertei!

Você já sabe: todo fim de ano é a mesma coisa. Tudo quanto é canal de TV tem a sua “retrospectiva” e a sua “perspectiva”, ou seja, tentam adivinhar o que vai acontecer no ano vindouro. Profetas e gurus de vários matizes se desafiam numa competição bizarra, cada qual querendo defender seus cinco minutos de fama no “Fantástico”, e as  profetadas ecoam de norte a sul, de Jair de Ogum a Estevam Hernandes. Mas como são todos picaretas, sem exceção, no fim todos se estrepam. Erram redondamente, porque apesar de se pretenderem iluminados ou terem o favor de Deus, o Único que conhece o futuro em todos os seus detalhes, esses pseudo-profetas usam de malandragem e fazem a previsão a mais genérica possível.
Assim até eu, que todo ano dou o meu pitaco e ainda por cima desafio a todos conferi-las ao final de dezembro. Veja aqui as minhas infalíveis previsões para 2014 e depois confira aqui abaixo suas incríveis realizações.  Ao lado das fotos originais da previsão coloquei agora o que saiu na imprensa. Comigo é assim.














Faça você também esse teste! Exercite sua mente com o que você acha que acontecerá em 2015 – por exemplo, quem vencerá a primeira corrida da Fórmula Indy em Brasília - e no fim do ano veja quem acertou mais.
Veja como é fácil fazer “previsões” genéricas (ou não)! Como as de Nostradamus, que de tão estapafúrdias qualquer coisa que você adaptar pode ser aceita como interpretação válida. Veja aqui essa mancada histórica do pseudo-adivinho francês que tentaram despistar de todo jeito...
No fim você verá que bem diferentes são as profecias bíblicas, proferidas séculos antes, e que se cumprem nos mínimos detalhes, revelando os propósitos de Deus para o homem, mostrando que não são fruto da mente humana!



Agora, o que mais causa espanto é a mídia sustentar essa renca de picaretas que ganha a vida iludindo otários mundo afora. Engraçado é que eles nunca prevêem as dezenas da Mega-Sena, quem será o campeão na Fórmula 1 ou pelo menos  no futebol. Como eu...

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Contradições (?) bíblicas - 11: questão de aritmética


Prossegue a crítica: a Bíblia estaria “de capa a capa, recheada de erros, barbaridades científicas, contradições e incongruências, os quais os ‘harmonistas’, sem nunca quererem admití-los, tentam contornar a qualquer custo para sustentar seus dogmas e crenças, com manobras e explicações mirabolantes e desonestas”. E dá como exemplo:
I Coríntios 15:5, com relação à ressurreição de Jesus, Paulo diz: “que apareceu a Cefas, e depois aos doze”. Os céticos afirmam que, com a morte de Judas e antes da eleição de Matias, restaram apenas onze, o que seria um erro humano de Paulo, fato que tira da Bíblia a qualidade de ser a Palavra infalível de Deus. Ora, essa é de uma infantilidade tal que nem deveria ser levada a sério. Mas eu levo a sério e digo que nos relatos não apenas se fala em onze, como também em 13 discípulos e pelo menos uma vez em dez discípulos – e nem por isso há contradição.
Veja só: Jesus “apareceu a Cefas, e depois aos doze”. Sim, depois de quê, cara pálida? Depois de algum tempo. É óbvio que, como Jesus apareceu “a mais de quinhentos irmãos duma [só] vez” – a maioria deles ainda estava viva quando Paulo escreveu essas palavras, e poderiam atestar a sua veracidade (v.6). Além do mais, “depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos. Então é óbvio que Matias também testemunhou uma ou mais dessas aparições. Não há discordância ou erro. E além disso, a ênfase desse trecho de Coríntios é a autoridade apostólica, não o cartão de ponto dos apóstolos. O que interessa aqui é o ensino sobre a constituição dos fundamentos da Igreja, não explicar quem estava onde. O pessoal de Corinto já sabia que havia 12 apóstolos, não estavam preocupados com quem veio antes de quem, quem foi eleito depois etc.
Em outra parte a Bíblia diz que Jesus apareceu a dez discípulos, que foi quando Tomé estava ausente (devia estar procurando divergências na Torá e por isso perdeu a chance de se encontrar com o Cristo ressurreto). Judas havia se suicidado e Matias ainda não fora escolhido. E uma vez Jesus apareceu a pelo menos treze discípulos: os onze originais, sem Judas e com Tomé presente, mais os dois do caminho de Emaús, e ainda “outras pessoas” (provavelmente “não-apóstolos”): “E na mesma hora levantaram-se (os dois discípulos que vinham de Emaús) e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles (Lucas 24:33). E se Matias estivesse presente (“os que estavam com eles”), Jesus teria aparecido “aos doze” (onze mais um), mais os dois de Emaús, e então seriam 14 discípulos... Em todo caso, o intuito de Paulo, na carta aos Coríntios, não é fazer acareação ou contabilidade do número de testemunhas.
A resolução desta aparente contradição passa pela seguinte regra de interpretação, já elencada anteriormente (princípios gramaticais): interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor; e interprete a passagem em harmonia com o seu contexto. O que ele está dizendo nesta carta se refere ao ministério apostólico, e que todos os apóstolos testemunharam a aparição do Cristo ressurreto. Por Cristo ter aparecido por último a ele, Paulo, ele mesmo se considerava um “abortivo”, um apóstolo “temporão”. É isso que ele está ensinando, não que os apóstolos eram 11, 12 ou 13.
Outro “erro bíblico” estaria em Atos 7:14, quando Estevão diz que “a parentela de José que desceu ao Egito era de 75 almas”. Mas Gênesis 46:27 nos informa o número de setenta. Vejamos: Estevão diz “a parentela”. O final da frase de Gênesis de fato diz “todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta. Agora por favor leia o versículo 26: “Todas as almas que vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis almas; e agora o 27: “e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta. Vamos ver isso direitinho. Guarde essas expressões: “da casa de Jacó” e “que saíram da sua coxa”.
Todos os que foram de Canaã para o Egito, “que saíram da sua coxa”, isto é, seus descendentes diretos, foram sessenta e seis. Fora as mulheres dos filhos de Jacó, como está claro no texto. Quantas e quais eram essas mulheres?
Se lermos a partir do verso 1, veremos que “Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha”. Os versos 5 e 7 dizem: “Então Jacó se levantou de Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres... Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos”.
Vai somando aí: os filhos de Jacó (que é Israel), fora José (que obviamente não estava na caravana que “desceu ao Egito”), eram 11.
Os “seus filhos” (isto é, os filhos dos filhos de Jacó, os netos) somam 48; com os 11 filhos de Jacó, temos 59.
Mais quatro bisnetos (dois filhos de Perez e dois de Beria), 63.
Mais as três mulheres sobreviventes de Jacó: Lia, Bila e Zilpa (pois Raquel já tinha morrido), e temos 66.
Não estão nessa lista a filha de Aser (Será, v. 17, contada à parte), Diná (também contada em separado) e o próprio Jacó, o que dá 69. Falta um.
O verso 7 diz que foram com Jacó “os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos”, mas só uma “filha de seus filhos” é chamada pelo nome: Será, filha de Aser (v. 17). Evidentemente havia outra neta de Jacó, cujo nome não está na lista; outra possibilidade surge quando olhamos de novo o verso 15, e vemos que “todas as almas de seus filhos e de suas filhas (isto é, de Lia), e podemos entender que além de Diná, Lia teve uma outra filha, cujo nome desconhecemos.
Essa conta bate: “Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta” (Gênesis 46:27). Todas as almas que saíram da coxa de Jacó, isto é, seus descendentes diretos, eram 66; mais as três esposas sobreviventes e o próprio Jacó, são 70. Os cinco restantes – que constituem a diferença entre a informação de Gênesis e o testemunho de Estevão – poderiam ser o marido de Diná e outros “parentes”, como esposas dos netos de Jacó (pois se relata que um filho de Judá, Perez, tinha dois filhos, assim como um filho de Aser, Beria, que também já tinha dois filhos), ou noras de Jacó, isto é, mulheres dos filhos de Jacó; ou a outra neta não nomeada, ou ainda outra filha de Lia... Lembre-se que da conta em Gênesis 46:26 estão fora as mulheres dos filhos de Jacó. Sugiro que você faça a soma, posso ter errado... já a Bíblia... não erra.
Essa alegada “discrepância” é facilmente entendida, pois Estevão diz: “a parentela era 75”, e Gênesis diz que “os que saíram da sua coxa eram 66”, ou seja, descendentes diretos. Entre a “parentela” existiam alguns que não eram descendentes diretos, isto é, que “não saíram da sua coxa” (genros, noras etc.).
Um pouco de aritmética do ensino fundamental resolve fácil essa “dúvida”.

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sábado, 8 de novembro de 2014

Contradições (?) bíblicas - 10

Para quem não se lembra: as dúvidas e questionamentos serão sempre escritos neste tipo de letra. Então, a dúvida de hoje é: Em Marcos 5 é relatado o conhecido episódio do endemoninhado geraseno (de Gerasa), mas o texto paralelo de Mateus 8 situa o acontecido em outra cidade, de nome Gadara, e o número de endemoninhados, nesse segundo caso, seriam dois. Mas a questão maior é: como poderia a manada de porcos em que entraram os demônios se precipitarem no mar, sabendo-se que nenhuma das duas cidades eram costeiras ou mesmo próximas do mar?
Para começo de conversa, o que o evangelista chama de “mar” não era o “oceano” e nem mesmo o “mar Mediterrâneo” (chamado na época de “o grande mar”), mas sim o “mar da Galiléia”, um lago formado pelas águas do rio Jordão numa depressão, mais ou menos no meio do território israelense. Qualquer estudante do segundo grau sabe que este “mar da Galiléia” é o mesmo “mar de Tiberíades”, ou lago de Genesaré - porque Tiberíades e Genesaré são cidades localizadas nas suas margens. É um lago de água doce. Tem comprimento máximo de cerca de 19 km e largura máxima de cerca de 13 km (166 km2) , com profundidade máxima de 40 m. A água flui até o mar Morto, ao sul, outro lago cuja água se torna salgada porque devido à alta temperatura da região, evapora e os resíduos depositados aumentam a sua densidade e salinidade. Todo mundo sabe disso... e sabe também que para o povo daquela época esses “lagos” eram grandes o bastante para serem chamados de “mar”. 
Aliás, eram (e são) tão grandes que é comum ocorrerem violentas tempestades, pois são cercados por montanhas, diretamente responsáveis pelas tormentas freqüentes. Foi uma dessas que Jesus acalmou pouco antes de chegar à região de Gadara/Gerasa (Marcos 4:35-41; Mateus 8:23-27;  Lucas 8:22-25), o que atesta ser o lago bastante grande a ponto de ser chamado “mar”, e de possivelmente ocorrerem naufrágios em suas águas. Até hoje essa terminologia persiste: o Mar Morto, que é também pouco mais que um lago, ainda é chamado de “mar” sem cerimônia. O Mar Cáspio, localizado na Ásia Central, é o maior dos chamados mares interiores e muitas vezes é referido como um grande lago. Também na Ásia Central, o mar de Aral era considerado o maior lago do mundo, até sofrer um processo de seca que diminuiu 90% sua área original. Portanto, lago ou mar, de água doce ou salgada, tanto faz, trata-se apenas do ponto de vista.
Isto posto, vejamos o que dizem os eruditos que conhecem a língua original dos evangelhos. R. V. G. Tasker diz que “a redação mais bem comprovada de Mateus é ‘gadarenos’, e não ‘gergesenos’. Gadara era uma cidade que ficava a uns 10 km do lago. Marcos e Lucas dizem ‘gerasenos’, sendo Gerasa uma cidade que distava uns 50 km. A grafia ‘gergesenos’, estabelecida nos mais recentes manuscritos gregos, parece dever-se a Orígenes” (Fonte: Mateus - Introdução e comentário; Ed. Vida Nova, pg.76).
Leon L. Morris, outro erudito, diz que “a terra dos gerasenos nos apresenta um problema, pois Gerasa ficava a cerca de 64 km ao sudeste do lago. Mateus registra ‘terra dos gadarenos’, mas Gadara fica a 9 km de distância, e separada pelo desfiladeiro do Iarmuque. Todos os três Evangelhos têm as duas variações, e também uma terceira, ‘o país dos gergesenos’. Este último texto era favorecido por Orígenes... os estudiosos modernos indicam a vila de Khersa e pensam que talvez esta tenha retido o nome antigo... devemos entender que a respectiva cidade controlava uma faixa de terra até a beira do lago” (Fonte: Lucas - Introdução e comentário; Ed. Vida Nova; pg.147).
A Bíblia de Estudo NVI traz em seu comentário de Mateus 8: “Região dos gadarenos: região ao redor da cidade de Gadara, quase 10 km a sudeste do mar da Galiléia. Marcos e Lucas identificam a região pela capital, Gerasa, localizada uns 56 km a sudeste”. E no comentário de Marcos 5: “Região dos Gerasenos: Gerasa, situada a uns 56 km a sudeste do mar da Galiléia, pode ter possuído terras no litoral leste do mar e assim ter dado seu nome a uma pequena aldeia ali, que hoje é chamada Khersa. A uns 1.600 m ao sul há um despenhadeiro bastante íngreme dentro de 45 m da praia, e a 3 km existem túmulos nas cavernas, que parecem ter sido usadas como habitações”.
Vamos resumir tudo e destacar os pontos principais:
1. Os textos dizem que Jesus estava na região da Galiléia e se dirigiu para a região dos “gadarenos” (Mateus) ou para a região dos “gerasenos” (Marcos e Lucas);
2. O encontro foi imediato, ou seja, perto da praia;
3. Os porcos mergulharam de um precipício “no mar”;
4. Os donos dos porcos foram à cidade dizer o que havia ocorrido;
5. Jesus subiu novamente no barco e voltou para a Galiléia, assim que os donos dos barcos retornaram da cidade.
Concluindo esta parte geográfica:
1. Os três textos referem-se à “região” e não à “cidade”. Vimos que a cidade de Gadara ficava a uns 8 ou 10 km da praia. Portanto, perfeitamente aceitável como ponto de referência. É errado referir-se a uma região ligando-a a uma cidade que fica a 8 ou 10 km de distância?
2. Os três textos falam que o encontro foi próximo à praia. Portanto, os próprios autores não seriam tão burros de quererem dizer com “região” literalmente as cidades de Gadara ou Gerasa. Se eles disseram praia, automaticamente se subentende que não foi na cidade e nem ao lado dela, uma vez que estas duas cidades não são praianas. Por isso disseram “região”.
3. Os textos dizem que os donos dos porcos foram até a cidade contar o ocorrido. Ora, se foram à cidade significa que não estavam na cidade. Se Gadara ficava a 8 km de distância, em no máximo duas horinhas andando rapidinho, “fulos da vida” como estavam, daria tempo de sobra.
4. Os textos dizem que logo em seguida Jesus entrou novamente no barco. Isso mostra que Ele não estava longe do barco e nem estava na cidade.
5. Se Marcos e Lucas quiseram dizer com “região”, ligando à “capital” Gerasa, a 56 km, isto se torna um problema? Mateus ligou “região” à cidade mais próxima “Gadara”, mas Marcos e Lucas ligaram a narrativa a Gerasa. Nada de mais.
6. “Gergesa” é opinião unânime dos críticos que se trata de uma tentativa de Orígenes para “corrigir” o que ele pensou ser um problema, unificando os nomes. Portanto, descartado. Os manuscritos mais antigos não apóiam “gergesenos”.
7. É evidente que os autores escolheram como referência as cidades que vieram em suas mentes como as principais. No caso de Mateus, a mais próxima (Gadara, “região dos gadarenos”). Marcos e Lucas usaram a capital (Gerasa) como referência para “região dos gerasenos”. A passagem fica mais clara ainda quando descobrimos que o original em grego (nos três relatos paralelos) usa a palavra 
“χωραν”, que pode significar: costa, região, província, país, solo, ou terra (fonte). Como em Mateus 2:12; Lucas 15:13; Atos 16:6, etc.  Se o episódio tivesse ocorrido na cidade brasileira de Santos, as expressões “a terra dos santistas” e “a praia dos paulistas” seriam igualmente válidas, pois Santos é uma cidade praiana que fica no Estado de São Paulo.
8. Bem próximo ao lago existe hoje uma cidade chamada Hamat Gadar, bem pegada à antiga Gadara. A praia mais próxima de Gadara está a cerca de 8 km, e do outro lado do mar da Galiléia está Cafarnaum, a 18 km, que foi a distância que Jesus percorreu de barco (durante este trajeto ocorreu a tempestade que Jesus acalmou).
Agora, quanto ao número de endemoninhados, se um só ou dois, com certeza eram dois, pois Mateus afirma isto com toda clareza. O que ocorre é que ele achou por bem registrar o acontecimento falando sobre ambos, e Marcos e Lucas quiseram contar falar sobre somente um deles; ou melhor, suas fontes relataram apenas um, pois é possível que apenas Mateus tenha testemunhado o fato pessoalmente, já que certamente estava com Jesus na ocasião. Marcos e Lucas escreveram com base no testemunho de outros (Lucas 1:1,2). Mas embora pareça complicado conciliar as narrativas, é o mesmo princípio de que falei antes sobre o(s) cego(s) de Jericó.
Digamos que preciso viajar de carro para um determinado lugar, e comigo fossem também dois amigos. Durante o trajeto, vimos dois acidentes na rodovia, um com um ônibus que furou um pneu e ficou parado no acostamento, e outro com um caminhão que perdeu o freio e bateu numa árvore (felizmente ninguém morreu nem se machucou, meu exemplo é do bem). No fim da viagem, eu comentei o caso do ônibus, um dos meus amigos contou que viu um caminhão batido numa árvore, e o outro falou para todo mundo sobre os dois acidentes. Quem está certo e quem está errado? Não há nenhuma contradição!
Veja bem, os Evangelhos relatam 35 milagres realizados por Jesus. Mateus menciona vinte, Lucas também. Marcos, o mais curto, trata de dezoito deles, e João, o último a ser escrito, apenas sete. É fácil chegar a uma conclusão bastante lógica.
Marcos, o primeiro a ser escrito, é o que dá mais detalhes do caso do endemoninhado, gastando 20 versos (eu sei que essa divisão é bem mais recente que o texto original, mas serve para nossa comparação). Lucas, o evangelho contemporâneo ao de Mateus, usa 14 versos, e seu relato é mais parecido com o de Marcos. Mateus, talvez por ser o que mais contém milagres, resumiu mais, apenas sete versos, embora contando que havia também outro endemoninhado. João, o último a ser escrito, provavelmente considerou que todos já conheciam essas histórias e preferiu enfatizar assuntos ainda inéditos ou pouco conhecidos, como por exemplo, o longo sermão na última ceia. Por isso ele “pula” a maioria dos milagres já contados pelos outros evangelistas, inclusive esse do(s) endemoninhado(s). Mas há outros que só ele conta e os demais, não – água transformada em vinho, o paralítico de Betesda, o cego de nascença e a pesca milagrosa depois da ressurreição. São fraudes? Invenções que os outros desconheciam? A moeda na boca do peixe está só em Mateus, assim como a cura de dois cegos na Galiléia, e também a cura de um mudo; já o cego de Betsaida e o surdo-mudo em Decápolis, só Marcos menciona; e o homem com hidropisia, os dez leprosos e a mulher curvada, só Lucas. E daí? João não fala nada da transfiguração, mesmo tendo estado diretamente envolvido. Isto invalida o testemunho de algum deles? As parábolas idem: alguns evangelistas contam umas, outros não; alguns contam as mesmas dos outros, mas as palavras de um não são 100% iguais às dos outros. Entretanto, o ensinamento é igualzinho em qualquer dos relatos.
Marcos, Mateus e Lucas não se contradizem no episódio de Gadara, na terra dos gerasenos. A diferença (e não “contradição”) é o número de endemoninhados. Mateus, apesar de dizer que havia outro possesso, omite certos detalhes: as correntes com que os prendiam, há quanto tempo, onde viviam (apenas que “vieram dos sepulcros”, as tais cavernas?); não cita o nome “Legião”, nem o(s) ex-possesso(s) calmo(s) logo depois. Ele não escrever isto quer dizer que não aconteceu? É contraditório? Ou simplesmente que ele não achou interessante detalhar tanto, pois ainda tinha muito para contar? Talvez ele quisesse passar logo adiante, já que tinha em mente escrever muita coisa ainda. É possível que ele soubesse que outro evangelista já havia dado essas informações. Veja aqui o quadro comparativo que eu fiz. Leia o azul com o azul, vermelho com vermelho e assim por diante; compare texto com texto.
Ora, depois de explicarmos a questão geográfica e a contextual, não sei se essa diferença entre os relatos é suficiente para dizer que a narrativa é falsa ou adulterada.

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