segunda-feira, 31 de março de 2014

O Noé bíblico

Nós vimos que o relato de Gênesis contém verdades muito importantes para o que entendemos ser a vida cristã. Uma delas é que, se pensarmos que Gênesis é apenas uma fábula, anulamos por completo o juízo de Deus sobre uma humanidade corrupta, pois é em Gênesis que esse ensinamento aparece pela primeira vez, e depois é repetido pelo próprio Jesus Cristo. Ora, será que Gênesis é uma fábula, um mito? E será que Jesus acreditava em mitos? De modo que por isso temos que crer que quando Deus diz que o dilúvio aconteceu para punir a maldade do Homem, é porque um dilúvio aconteceu para punir a maldade do Homem!
E depois que humanidade tornou a se multiplicar, novamente o mal foi crescendo e as pessoas se esqueceram do Deus que havia preservado milagrosamente a espécie humana da destruição total. Se esqueceram de que Deus é quem dá a vida, e quem a pode tomar de volta. Passaram a confiar em si mesmas, e concentrando-se nos seus importantes afazeres diários, deram as costas para as advertências divinas.
Na época de Noé, já havia se passado bastante tempo desde que Adão desobedecera a Deus, e o pecado, o mal e a morte contaminaram toda a raça humana. As pessoas haviam se multiplicado sobre a face da Terra. Cálculos simples revelam que em poucos milhares de anos a população facilmente atingira uma cifra espantosa. Muita gente, mas todos tinham em comum o fato de serem, sem exceção, pecadores. Romanos 3:23 nos diz que “todos pecaram”. Por isso, a humanidade se tornou má, e Deus iria purificar a Terra: “Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente... Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor... Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus... Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é chegado perante mim; porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os destruirei juntamente com a terra” (Gênesis 6:5; 8, 9, 13). Deus disse ainda como Noé deveria se salvar: fazendo uma arca de madeira, com instruções específicas de tamanho, revestimento à prova de água etc.
Ora, podemos imaginar que essa “arca” deve ter levado um tempão para ser concluída. Provavelmente, Noé e seus três filhos tiveram que ralar sozinhos, pois seus vizinhos, ao que parece, não os levaram a sério (tanto é que só Noé e sua família escaparam). Será que alguém trabalharia na construção do navio só para passar o tempo, ficando de fora na hora da catástrofe? Seja como for, parece que realmente poucos trabalharam no barco.
O que faria Noé se alguém perguntasse o que era aquilo? Eu acredito que Noé teria dito o que Deus lhe falara, que uma hecatombe viria e destruiria tudo, por causa da maldade dos homens, e que a única forma de se salvar era reconhecer a soberania de Deus e entrar na arca quando chegasse a hora. Não poderia ser de outra forma!
Penso também que Noé e seus filhos tinham outras atividades além da recém-adotada profissão de armadores. Eles tinham que prover o sustento de suas famílias. Talvez criassem animais e cultivassem uma horta. Como veremos adiante, nessa época o pastoreio de animais era uma atividade já desenvolvida (e provavelmente a agricultura também). Noé e os seus filhos com certeza tinham vizinhos que olhavam com estranheza aquela estrutura sendo montada. Assim, podemos ter certeza de que o Espírito Santo pregou através de Noé durante o tempo de construção da arca, aos homens que estavam “prisioneiros em seus espíritos”, que se convertessem de seus pecados, pois o fim viria logo. E temos certeza também que o Espírito Santo de Deus foi longânimo, pois a arca demorou até ser concluída.
Recentemente arqueólogos descobriram o que acreditam ser uma “outra arca”, uma “arca” redonda! (link aqui). A história é parecida: seus ocupantes deveriam levar animais, “dois a dois”, para sobreviver ao dilúvio que viria, etc. Mas agora isto se junta ao velho e falacioso argumento de que “muitos povos têm narrativas de dilúvio”, e por isso o texto bíblico seria uma “compilação de lendas de outros povos”. Ora, há aqui dois contra-argumentos que deveriam ser seriamente considerados.
O primeiro é que se há outros “relatos de dilúvio”, é obviamente por terem todos esses povos os mesmos ancestrais. A Bíblia nos relata que depois de algum tempo, quando os descendentes de Noé e seus filhos ainda habitavam uma região relativamente restrita (pois todos os outros morreram no dilúvio universal), ocorreu a dispersão das nações pela confusão das línguas, em Babel. É claro e evidente que, com o tempo, a narrativa possa ter sofrido modificações em relação à original, ou seja, a que foi preservada pelos hebreus, descendentes diretos de Sem, com a sua notória habilidade em manter registros detalhados das genealogias. Nações que se tornaram pagãs acrescentaram elementos místicos e assim surgiram narrativas com pontos distintos, mas com o mesmo roteiro.
O segundo é que se houve mesmo essa outra “arca redonda”, ela não funcionou! Veja bem, é plausível que tenha mesmo havido “outra arca”, quem sabe até mais de uma! Os contemporâneos de Noé, ao saberem da pregação do patriarca, trataram logo de fazer as suas próprias arcas. Mas evidentemente só a de Noé funcionou adequadamente. E aqui tiramos uma lição importante: Deus nos dá uma solução, Ele nos mostra um caminho, mas quando nós cismamos de inventar uma outra fórmula, ainda que parecida com a original, nos damos mal. Quebramos a cara. Estão aí as diversas religiões, todas se propondo a “levar até Deus”, “atingir a paz”, “o nirvana”, “a beatitude”; criamos rituais, “pontífices”, lugares sagrados. Mas nada disto dá resultado. Só Jesus é o caminho para o Homem se encontrar com Deus, só Ele é o Mediador! Não há outro caminho, doa a quem doer!
E enquanto os homens riam dele e tocavam suas vidas, e talvez alguns até se preocupassem em fazer “outra arca”, Noé dava testemunho da sua fé através das suas obras e sua obediência. Hoje, o Espírito Santo está falando através da Sua Igreja, a mesma mensagem de Noé: o tempo está se esgotando. Assim como nos dias de Noé. Mateus 24:37-39 - “Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem” (também Lucas 17:26-27).
Há até alguma discussão sobre se a analogia da arca se refere à Igreja que será arrebatada ou a Israel sendo preservado da Tribulação que há de vir sobre o mundo. Mas uma coisa é certa: assim como foi nos dias de Noé, assim também será no fim dos tempos.
Hoje, como naquele tempo, o mundo em geral segue um caminho descendente. Embora, como nos dias de Noé, possam haver avanços tecnológicos e descobertas, no campo moral a coisa vai de mal a pior. Podemos imaginar , com base no relato bíblico, que os contemporâneos de Noé fizeram progressos tecnológicos. Lemos em Gênesis que alguns dos descendentes de Caim desenvolveram atividades complexas como a metalurgia, o pastoreio de gado e a música. Pela descrição bíblica, é bem provável que essas pessoas tenham sido contemporâneas de Noé, pois o número de gerações a partir de Caim e de Sete (o outro filho de Adão e Eva, da qual descende Noé) é parecido. A Bíblia relata que Tubal-Caim (que era ferreiro), Jubal (pastor nômade) e Jabal (músico) compõem a sexta geração a partir de Caim. Pelo lado de Sete, a sexta geração nos mostra Matusalém, o histórico patriarca conhecido como o homem mais longevo de que se tem notícia, e que foi o avô de Noé. Quando fazemos as contas, vemos que o último ano de vida de Matusalém coincide com o dilúvio. Será que Matusalém morreu afogado no dilúvio ou Deus o teria preservado, levando-o antes da catástrofe? Seja como for, o que é bem provável é que o mundo ao redor de Noé estivesse experimentando avanços tecnológicos (para a época). A própria construção do barco gigante deve ter sido uma coisa fenomenal, nunca vista antes.
Mas a despeito da inteligência, a moral decaía. Jesus disse aos seus discípulos que nos dias imediatamente anteriores ao dilúvio universal as pessoas só queriam saber de prazeres carnais: comiam, bebiam, casavam-se davam-se em casamento. Não que essas coisas sejam erradas em si, mas diante de uma catástrofe iminente, não deram ouvidos ao alerta e continuaram nos seus afazeres, sem a menor alteração de suas rotinas. “Até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos”.
Jesus acrescenta ainda mais detalhes. Ele diz também que no tempo de Ló, o pessoal de Sodoma não queria saber de preocupação: “Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam”. Tudo na mais perfeita ordem, diriam. “Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os destruiu a todos”.
Hoje, como naquele tempo, não se quer dar ouvidos à Palavra de Deus. Ela diz que a maldade se espalhou, mas as pessoas dizem que não, o Homem está progredindo.
A Palavra de Deus diz que as guerras se multiplicariam, como sinal de que estamos vivendo os últimos dias; mas as mesmas pessoas que dizem que o Homem está progredindo, dizem que sempre houve guerras.
A Bíblia diz que haveria terremotos em vários lugares, mas as pessoas dizem que sempre houve terremotos, é que havia lugares desabitados e ninguém soube o que havia por lá.
A Bíblia adverte contra a decadência moral, mas o pessoal de Sodoma diz que qualquer um pode fazer o que quiser, com quem quiser, pois é tudo apenas uma “opção”. E quem disser que não, que isso é uma conduta pecaminosa, é processado, perde o mandato, é ridicularizado e enxovalhado nas redes sociais (habitat preferido dos “moderninhos”), é preso sem direito a fiança.
A Bíblia nos adverte para nos preocuparmos com o futuro, mas a mídia diz que não, é preciso aproveitar o momento, “carpe diem”, e seguir seu próprio coração.
A Palavra de Deus nos ensina sobre o futuro com lições do passado, mas dizem que “o mundo é assim desde o início”, uma falácia pois ele já foi transformado pelo dilúvio universal, um juízo de Deus sobre toda a carne. As pessoas é que são assim desde o início. O apóstolo Pedro também já tinha ouvido essa conversa fiada, como relata em sua segunda carta. Ele citou os argumentos dos “escarnecedores com zombaria”: “todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”... “Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios”.
Mas Deus é paciente, e “é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se”.
Só que um dia esse tempo de graça chegará ao fim, como no dia em que Noé entrou na arca: “Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas”. Assim como nos dias de Noé, quando um juízo de Deus veio sobre toda a carne, em breve novo julgamento se derramará sobre a Humanidade, desta vez em fogo, pois tudo o que não tem condição de ser restaurado, será destruído. E esse alerta, “indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição” (II Pedro cap. 3).

Deus já providenciou uma arca, que é Jesus.
Ele é longânimo, como nos dias de Noé.
Mas a arca vai se fechar e levar poucas pessoas.
Onde você estará naquele dia?

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